
Mudança Climática e Justiça Ambiental: Reflexos em Salvador
A mudança climática é um dos maiores desafios globais da atualidade, afetando ecossistemas, sociedades e economias. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2021), o aumento das emissões de gases de efeito estufa tem acelerado o aquecimento global, intensificando eventos extremos como ondas de calor, secas prolongadas e elevação do nível do mar. Esses impactos não são distribuídos de forma equitativa, tornando evidente a necessidade de justiça ambiental.
A justiça ambiental busca garantir que todas as comunidades tenham igual acesso a um ambiente saudável, sem sofrer impactos desproporcionais devido a fatores socioeconômicos. Segundo Bullard (1990), populações vulneráveis, especialmente em países do Sul Global, são as mais afetadas pela degradação ambiental e pelas mudanças climáticas, apesar de contribuírem menos para as emissões globais.
Em Salvador, os efeitos da crise climática são perceptíveis. O Plano de Ação Climática de Salvador (2020-2049) destaca que a cidade enfrenta desafios como aumento da temperatura média, risco de inundações e vulnerabilidade de comunidades periféricas. Estudos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) indicam que a capital baiana possui um Ecossistema de Inovação Socioambiental (EIS) ainda incipiente, dificultando a implementação de políticas eficazes para mitigação e adaptação.
A relação entre mudança climática e justiça ambiental se manifesta na desigualdade de impactos. Regiões de baixa renda, como bairros periféricos de Salvador, sofrem mais com enchentes e deslizamentos devido à falta de infraestrutura adequada. Além disso, a elevação do nível do mar ameaça áreas costeiras, exigindo estratégias de adaptação para proteger comunidades vulneráveis.
O relatório da ICLEI América do Sul aponta que Salvador tem avançado na implementação de políticas climáticas, mas ainda enfrenta desafios na inclusão social e na equidade ambiental. A cidade faz parte da rede C40 Cities, comprometida com a redução de emissões e o desenvolvimento sustentável, mas a efetividade dessas ações depende da participação ativa da sociedade e do fortalecimento de políticas públicas.
A crise climática não é apenas um problema ambiental, mas também uma questão de justiça social. A busca por soluções deve considerar não apenas a redução das emissões, mas também a equidade na adaptação e na proteção das comunidades mais afetadas. Salvador, como muitas cidades do Sul Global, precisa avançar na construção de um modelo urbano que integre sustentabilidade e justiça ambiental, garantindo um futuro mais seguro para todos
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